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Guias Técnicos

Combustíveis Sustentáveis de Aviação – Tendências Globais

Conheça as tendências globais dos combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), marcos regulatórios, rotas de produção e como a Alutal apoia o controle de qualidade.

A aviação representa cerca de 2% das emissões globais de CO₂. Pode parecer pouco, mas em um contexto de projeção de forte aumento de demanda energética nas próximas décadas – por conta do uso de avião tender a substituir outros modais de transporte – a redução de pegada de carbono nos combustíveis de aviação passa a ser uma preocupação mundial. E é neste contexto que a substituição de querosene fóssil (QAV) por combustíveis de aviação sustentáveis (do inglês, SAF) já está sendo aplicada na prática, e pode reduzir de 50 a 80% das emissões ao longo do ciclo de vida, sendo hoje considerada a via mais eficaz para descarbonizar o setor aéreo.

Marcos regulatórios

A produção e uso de SAF já é uma realidade internacional. A Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO) e a União Europeia estabeleceram metas para a descarbonização gradativa dos combustíveis de aviação, com a exigência de adição de SAF e metas anuais de desempenho até 2035.

Embora não haja ainda um acordo global que equalize as exigências da participação dos SAF no mercado, vários países como a Noruega, Indonésia, Suécia, Reino Unido, França, Espanha e Mexico têm saído na frente e estabelecido seus próprios mandatos. O Brasil também enxerga o assunto não só como uma importante preocupação ambiental, mas como uma oportunidade de desenvolver ainda mais o mercado de biocombustíveis. Em 2024 foi aprovada a chamada Lei do Combustível do Futuro que entre outras iniciativas, cria o programa ProBioQAV, para incentivar produção e uso de SAF no país , com mandato escalonado de adição de SAF ao QAV, chegando até 10% em 2037.

Como é produzido o SAF?

Atualmente existem 5 rotas de produção de SAF certificadas de acordo com a norma ASTM D7566

  • Hidroprocessamento de Ésteres e Ácidos Graxos (HEFA) -Utiliza óleos vegetais, gorduras animais e óleos residuais. Tecnologia mais madura e disponível comercialmente, de menor custo, porém limitada pela disponibilidade de matéria-prima.
  • Síntese Fischer–Tropsch (FT-SPK e FT-SPK/A) -Converte biomassa e resíduos por gaseificação em gás de síntese, seguido de síntese Fischer-Tropsch. A matéria-prima é flexível, e alta redução de GEE, mas o processo é caro, e exige purificação rigorosa do gás de síntese. A variante FT-SPK/A adiciona aromáticos à síntese, uma vez que seu conteúdo aumenta a capacidade de adição ao QAV sem haver perdas de qualidade em algumas propriedades do combustível.
  • Processo Álcool-para-Querosene (ATJ): Converte etanol/isobutanol em combustível para aviação por meio de desidratação, oligomerização e hidrogenação. Rota emergente, com custos moderados, mas altíssimo potencial.
  • Hidroprocessamento de Açúcares Fermentados (HFS-SIP): Produz farnesano a partir da fermentação de açúcares. Ainda possui alto custo, e capacidade de mistura ao QAV limitada.

Além destas, há tecnologias emergentes de produção, como a pirólise, liquefação hidrotérmica e a fermentação aeróbia, mas ainda estão em fase de desenvolvimento e otimização.

De qualquer maneira, transformar resíduos e produtos de baixo valor agregado em SAF está se tornando um grande negócio, e a tecnologia tem acompanhado esta necessidade ambiental.

Qualidade e confiabilidade

Diferente de um carro, onde o abastecimento com um combustível de má qualidade pode resultar – em casos extremos – apenas na parada de funcionamento do veículo, um avião não pode contar com uma oficina ou guincho a 10.000 m de altitude!

Por isso, a especificação de qualidade do QAV é extensa, sendo que cada análise realizada tem relação com alguma propriedade importante. Por exemplo, propriedades como o ponto de congelamento e a viscosidade têm relação com a capacidade de escoamento a baixas temperaturas, ao passo que a estabilidade à oxidação térmica tem a ver com o comportamento do combustível a condições extremas de temperatura e pressão em contato com a turbina.

Pela resolução da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) n° 856/2021, são mais de 40 parâmetros de qualidade que precisam ser analisados e estar dentro da especificação para que o QAV possa ser comercializado. Para cada propriedade medida estão associados métodos, instrumentos e acessórios, que todo laboratório industrial e de qualidade de combustíveis precisa possuir, para viabilizar e certificar a produção do QAV e do SAF.

Como a Alutal pode ajudar no monitoramento da qualidade de combustíveis de aviação

Dentro da sua linha de produtos para laboratório a Alutal pode oferecer várias soluções para a análise de SAF e QAV:

VD10 Destilador Automatizado por Vídeo

VD10 Destilador Automatizado por Vídeo

Equipamento inovador e único no mercado, o destilador atmosférico da AD Systems permite a análise de amostras de QAV, SAF e suas misturas, sem necessidade de programações de método tediosas, devido ao seu algoritmo revolucionário de controle do aquecimento por vídeo.

TO10 Estabilidade à Oxidação

TO10 Estabilidade à Oxidação

Analisador robusto, mais tolerante a amostras de combustíveis de aviação alternativos como os SAF, este equipamento da AD Systems realiza análises conforme a norma ASTM D3241. É muito prático na montagem do teste, pois não necessita de ferramentas, e completamente automatizado na sua finalização.

DR10 Avaliador de depósitos de oxidação

DR10 Avaliador de depósitos de oxidação

Usado em conjunto com analisador TO10, o avaliador de tubos do aquecedor da AD Systems traz objetividade e rastreabilidade à análise de estabilidade à oxidação, reportando os resultados diretamente e automaticamente em acordo com o que demanda a norma ASTM D3241 (em milímetros de depósito) sem necessidade de recalibrações constantes.

Tubos do aquecedor homologados

Tubos do aquecedor homologados

Recentemente aprovados pela ASTM, os tubos de teste da AD Systems são rigorosamente controlados e certificados em sua metalurgia e dimensão, e podem ser usados em qualquer equipamento que esteja conforme a norma ASTM D 3241.

SP20 Analisador de ponto de fuligem automático

SP20 Analisador de ponto de fuligem automático

este equipamento é único no mercado, e automatiza o processo de análise e reportagem de resultados para o ponto de fuligem de QAV e SAF, conforme norma ASTM D 1322. Patente exclusiva da AD Systems, este instrumento acelera e tira a subjetividade da interpretação dos resultados do método manual.

Ponto de fulgor MiniFlash FP

Ponto de fulgor MiniFlash FP

Este equipamento da Grabner Instruments utiliza o método de copo fechado continuamente descrito pela norma ASTM D7094, sendo mais rápido, preciso e seguro que o método da especificação (método Pensky-Martens ASTM D93 ). Além disso, este instrumento apresentando correlação comprovada*, sem tendências, e melhor repetibilidade que o método Pensky-Martens.

Analisador FTIR de combustíveis MiniScan IR Pro

Analisador FTIR de combustíveis MiniScan IR Pro

Utilizado para análises rápidas em processo e laboratório, este equipamento da Grabner Instruments permite avaliar diversas propriedades do QAV, SAF, diesel e gasolina e etanol, atuando como um guardião dos processos de produção, mistura e armazenamento de combustíveis.

Densímetro digital DS7800

Densímetro digital DS7800

Utilizando baixo volume de amostra, os densímetros da Krüss Optronic atendem a norma ASTM D4052, com um excelente custo-benefício. Podem ser acoplados a amostradores automáticos, ideal para laboratórios com alta demanda de analise de diversos produtos. 

* Em acordo com estudo interlaboratorial realizado pela ASTM, vide nota 7 da norma ASTM D7094 – Standard Test Method for Flash Point by Modified Continuously Closed Cup (MCCCFP) Tester.

A Alutal quer ser seu parceiro no desenvolvimento de combustíveis sustentáveis. Entre em contato conosco para agendar uma visita ou uma apresentação dos nossos produtos!

Referências bibliográficas

ASTM D7566 – Standard Specification for Aviation Turbine Fuel Containing Synthesized Hydrocarbons. West Conshohocken, PA: ASTM International.

Resolução ANP nº 856, de 22 de outubro de 2021. Estabelece as especificações do querosene de aviação JET A e JET A-1, dos querosenes de aviação alternativos e do querosene de aviação C (JET C), bem como as obrigações quanto ao controle da qualidade a serem atendidas pelos agentes econômicos que comercializam esses produtos em território nacional. Brasília, 2021.

Lei nº 14.993, de 8 de outubro de 2024. Dispõe sobre a promoção da mobilidade sustentável de baixo carbono e institui o Programa Nacional de Combustível Sustentável de Aviação (ProBioQAV). Diário Oficial da União, seção 1, Brasília, DF, p. 1–26, 2024.

ZHANG, Libing; BUTLER, Terri L.; YANG, Bin. Recent Trends, Opportunities and Challenges of Sustainable Aviation Fuel. em: VERTÈS, A. A.; QURESHI, N.; BLASCHEK, H. P.; YUKAWA, H. (eds.). Green Energy to Sustainability: Strategies for Global Industries. Hoboken, NJ: John Wiley & Sons, 2020. p. 85-110

MUSSA, Nur-Sultan; KAINAUBEK, Toshtay; CAPRON, Mickael. Catalytic Applications in the Production of Hydrotreated Vegetable Oil (HVO) as a Renewable Fuel: A Review. Catalysts, v. 14, n. 452, 2024.

NG, Kok Siew; FAROOQ, Danial; YANG, Aidong. Global biorenewable development strategies for sustainable aviation fuel production. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 150, p. 111502, 2021.

Eduardo Barbosa

Gerente de Vendas e Desenvolvimento de Negócios na Alutal, mestre em Química, trabalha há mais de 20 anos com Instrumentação Analítica de Laboratório e Processo. Atua na promoção e vendas do portfólio de equipamentos de laboratório, identificando novas oportunidades de negócios e parcerias estratégicas em Instrumentação Analítica.

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