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Guias Técnicos

Vapor Lock, combustíveis modernos e a importância da medição de pressão de vapor

Um desafio atual para a indústria automotiva e de combustíveis

Imagine a seguinte situação: você está dirigindo tranquilamente quando, de repente, o motor simplesmente apaga. O carro para no cruzamento, você tenta dar a partida novamente, mas o motor aquecido insiste em não funcionar. A assistência técnica chega, conecta o scanner, mas… nenhum erro aparece. Depois de diversas tentativas, peças trocadas e visitas à concessionária, o problema persiste.

Essa cena, comum no mundo real, é resultado de um fenômeno conhecido como vapor lock — e afeta milhares de veículos no mundo todos os anos.

O que é Vapor Lock e por que ele acontece?

O vapor lock ocorre quando, devido à temperatura elevada ou à operação em grandes altitudes, o combustível se vaporiza dentro das linhas de alimentação. Essa formação de bolhas impede o fluxo adequado de combustível até o motor, levando a:

  • Falhas de partida
  • Engasgos
  • Perda de potência
  • Parada completa do motor

Quanto mais quente o ambiente ou maior a altitude, maior o risco de formação dessas bolhas.

Regulamentações e o contexto brasileiro

Nos Estados Unidos, a ASTM D4814 e a EPA estabelecem limites rigorosos para volatilidade e parâmetros relacionados. Aqui no Brasil:

  • A ANP define as especificações técnicas das gasolinas automotivas, incluindo limites de pressão de vapor e comportamento evaporativo (Resoluções ANP 40/2013 e Revisões posteriores).
  • Ensaios como pressão de vapor Reid (PVR), destilação e teor de etanol são obrigatórios para garantir segurança e dirigibilidade.
  • Entretanto, com a evolução tecnológica e a crescente utilização de etanol anidro, avaliar apenas a PVR não é mais suficiente para compreender o comportamento real dos combustíveis modernos.

É aqui que entra a importância da análise de Vapor/Líquido (V/L), especialmente considerando os requisitos normativos internacionais, como a ASTM D5188, que mede a temperatura na qual a razão vapor-líquido atinge 20:1 — parâmetro crítico diretamente relacionado ao risco de vapor lock.

O impacto das misturas com etanol

No Brasil, a gasolina tipo C contém atualmente 27% de etanol anidro, determinado pela ANP. Nos EUA, cresce o uso de E10, E15 e superiores.

À medida que maior quantidade de etanol é misturada:

  • A pressão de vapor do combustível não se comporta de forma linear.
  • A volatilidade e os pontos de evaporação mudam.
  • A temperatura na qual o combustível atinge um V/L crítico pode cair drasticamente.

E mais: misturas de E5 e E10 podem apresentar curvas com formato de “S”, fenômeno já documentado em estudos internacionais, dificultando ainda mais a predição do risco de vapor lock.

Isso reforça a necessidade de medir toda a curva T(V/L) — e não apenas um único ponto regulatório.

Motores modernos: mais eficientes, mais quentes, mais suscetíveis

Os motores de injeção direta atuais:

  • Trabalham com temperaturas significativamente mais altas (120–140 °C)
  • Operam com taxas de compressão maiores
  • Exigem combustíveis mais estáveis sob altas temperaturas

Com isso, o vapor lock deixa de ser um problema apenas de motores antigos e passa a ser uma preocupação também para veículos de última geração.

Fabricantes têm reportado a necessidade de medir vapores em faixas elevadas de pressão — até 5–6 bar — algo que apenas analisadores modernos conseguem atender.

Como avaliar a tendência ao Vapor Lock?

A importância da análise por V/L (ASTM D5188).

Para uma avaliação correta da segurança e performance do combustível, é essencial medir:

  • Toda a curva V/L, e não apenas T(V/L)=20
  • O comportamento em diferentes temperaturas
  • A tendência do combustível a formar vapores antes de atingir o motor

Essa abordagem fornece uma visão realista da performance do combustível no mundo real, especialmente em:

  • Países tropicais (como o Brasil).
  • Regiões de altitude.
  • Misturas com etanol variáveis.
  • Testes de desenvolvimento automotivo e P&D.

A solução da Grabner Instruments:

Como descrevemos, em um cenário em que os combustíveis modernos, especialmente aqueles misturados com etanol, mudam seu comportamento de volatilidade, o risco de vapor lock torna-se uma preocupação estratégica para refinarias, distribuidores e até montadoras. Embora muitas análises de laboratório (off-line) já existam, a monitorização contínua em processo (“on-line”) é agora essencial para garantir segurança, qualidade e eficiência.

É aqui que a solução MINIVAP On-Line da Grabner Instruments, distribuída exclusivamente pela Alutal, se destaca como um divisor de águas.

O que é o MINIVAP on-line?

O MINIVAP On-Line é um analisador de pressão de vapor projetado para monitoração de processo em tempo real. Ele:

  • Determina a pressão de vapor de gasolina, óleo cru, GLP (LPG) e NPG.
  • Mede a razão vapor-líquido (V/L) da gasolina — especialmente importante para prever fenômenos como vapor lock.
  • Permite a conexão de até 3 correntes de amostra simultâneas, o que torna possível o monitoramento paralelo de diferentes fluxos.
  • Opera segundo os mesmos princípios de medição dos instrumentos de laboratório MINIVAP — garantindo que os dados on-line são equivalentes em qualidade aos gerados em laboratório.

Princípio de medição: triple xxpansion

Um grande diferencial do MINIVAP On-Line é o uso do método de tripla expansão, que é o mesmo método usado nos analisadores de laboratório da Grabner. Esse método consiste em:

  1. Introduzir amostra na câmara de medição (com ajuste de volume via pistão).
  2. Realizar três expansões sucessivas a temperatura constante para medir três pressões totais (P1, P2, P3).
  3. Calcular, a partir dessas pressões, a pressão parcial do gás dissolvido, o fator de solubilidade e a pressão de vapor absoluta.

Esse método oferece precisão muito superior comparado a analisadores que usam apenas uma expansão — o que se traduz em resultados mais confiáveis e reprodutíveis.

Principais recursos e benefícios

Alguns destaques técnicos e operacionais do MINIVAP On-Line:

  • Conformidade com diversas normas industriais: ASTM D6378 (gasolina), D6377 (crude), D6897 (GLP), D5191, D5188 (V/L), entre outras.
  • Ciclos rápidos: ciclo de medição de aproximadamente 7 minutos ou 3,5 minutos (quando combinado com um segundo sensor).
  • Calibração automática: usa 2,2-dimetilbutano para autocalibração periódica, com correções aplicadas automaticamente.
  • Sistema de condicionamento de amostra com controle de temperatura, garantindo que a medição reflita o estado real do fluido no processo.
  • Segurança: construção com proteção para atmosferas potencialmente explosivas (classe I, segundo NFPA e normas europeias).
  • Alta precisão: repetibilidade de ±0,3 kPa, reprodutibilidade ±0,7 kPa (dados conforme as especificações do fabricante).
  • Troca rápida de célula de medição: manutenção simplificada, minimizando tempo de parada.

Como a solução on-line mitiga o risco de Vapor Lock

  1. Monitoramento contínuo — ao medir em tempo real, a refinaria ou o terminal pode detectar variações de pressão de vapor imediatamente, sem depender apenas de amostras off-line.
  2. Detecção de desvios — se houver variações inesperadas na V/L (por exemplo, por contaminação, falha no blending, ou composição fora de especificação), o sistema pode acionar alarmes operacionais.
  3. Otimização de blending — com dados precisos da pressão de vapor, é possível ajustar a adição de componentes (etanol, butanas, etc.) para manter o produto dentro dos limites regulatórios sem sacrificar performance.
  4. Redução de custos — segundo a Grabner, a precisão do MINIVAP On-Line pode gerar economia financeira significativa para refinarias, evitando perdas por lotes fora de especificação ou excesso de conservadorismo no blend.
  5. Segurança operacional — controle de pressão em tempo real melhora a segurança no manuseio de combustíveis voláteis e reduz riscos de emissões não intencionais.

Relevância para o mercado brasileiro

  • No Brasil, onde a gasolina comercializada tem teor elevado de etanol (padrão ANP), o comportamento de pressão de vapor é ainda mais crítico para evitar vapor lock e garantir a estabilidade durante o transporte e armazenamento.
  • A Alutal, representando as soluções Grabner, oferece o MINIVAP On-Line para refinarias, terminais e operadores que desejam elevar seus controles de qualidade para o nível de monitoramento contínuo.
  • Com a adoção dessa tecnologia, empresas podem reduzir riscos operacionais, otimizar seus processos de blending e garantir conformidade com normas técnicas internacionais e regulatórias.
Medição de Pressão de Vapor
Figura 1
Medição de Pressão de Vapor
Figura 2
Medição de Pressão de Vapor
Figura 3

Sergio Xavier

Graduado em Instrumentação, Controle de Processos e Automação Industrial, atuando de forma estratégica e técnica em diversos segmentos industriais, incluindo Indústrias Químicas, Petroquímicas, Óleo & Gás, Geração e Cogeração de Energia (Termelétricas), Papel & Celulose, Siderurgia, Alimentos e Bebidas, entre outros. Há 25 anos contribuído com soluções inovadoras e sustentáveis, promovendo a eficiência operacional, a confiabilidade de processos e a modernização tecnológica em ambientes industriais críticos.

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